O sal de cozinha é
composto por dois íons, o Cloro e o Sódio, em proporções diferentes. Para cada
grama de sal de cozinha, temos 600 mg de Cloro (60%) e 400 mg de Sódio (40%).
Esses valores são utilizados para o cálculo da recomendação do consumo diário
(Tabela 1).
Tabela 1 – Recomendações
da ingestão diária de sódio
Idade
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Sexo
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Recomendação Sódio
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Sal de cozinha.
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1 a 3 anos
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Ambos
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< 1.500 mg
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< 3.750 mg
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4 a 8 anos
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Ambos
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< 1.900 mg
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< 4.750 mg
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9 a 13 anos
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Ambos
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< 2.200 mg
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< 5.500 mg
|
14 a 18 anos
|
Ambos
|
< 2.300 mg
|
< 5.750 mg
|
Dietary Guideline
Advisory Committee, 2005.
O sal de cozinha não é
importante apenas para modificar o gosto dos alimentos, tornando-os mais
palatáveis. O Cloro e o Sódio participam de inúmeras reações metabólicas
necessárias para o bom funcionamento do organismo, como regulação da
osmolaridade dos fluidos, condução de estímulos nervosos e contração muscular.
Os problemas surgem
quando o consumo passa a ser maior do que o indicado, com o aparecimento da
hipertensão arterial, que está relacionada ao desenvolvimento das doenças
crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares, e guardam relação com a
história alimentar de cada indivíduo desde o nascimento.
Quando consumido em maior
quantidade (alimento muito salgado), de modo ocasional, o que ocorre é o
aumento da sede que vai forçar a ingestão de água, com o intuito de diluir o
excesso de sal. Estima-se que para cada 9 gramas de sal ingerido, o organismo retém
até 1 litro de água. Nessa situação, o sistema urinário se encarrega de
disparar um complexo sistema de equilíbrio que faz, entre outras coisas,
aumentar a diurese. O indivíduo urina mais e, assim, elimina o excesso de sal.
O risco para o desenvolvimento de doenças aumenta quando a ingestão elevada de
Sódio é mantida ou quando os episódios de consumo excessivo são muito
frequentes. Não é apenas o sistema urinário que fica sobrecarregado, o maior
volume de água ingerido também irá sobrecarregar o sistema cardiovascular,
podendo aumentar a pressão arterial e levar à hipertensão arterial e doença
cardíaca.
O consumo de quantidades
adequadas de Sódio reduz o risco de adoecer e melhora as condições do indivíduo
já hipertenso. Inúmeros estudos científicos demonstram a queda dos níveis da
pressão arterial, em função da diminuição do consumo de sal. Contudo, cabe
ressaltar que algumas pessoas podem apresentar maior sensibilidade ao sal, o
que facilitaria o aparecimento da hipertensão arterial. Também apresentam maior
risco para desenvolver hipertensão arterial, os portadores de diabetes melittus
e doenças renais, os indivíduos da raça negra e aqueles com história familiar
de hipertensão arterial.
A Organização Mundial da
Saúde recomenda como quantidade máxima para a ingestão alimentar diária, 5 g de
sal de cozinha (2 g de Sódio). Estima-se que o consumo diário de sal da
população brasileira seja mais do que o dobro do recomendado.
Ao procurar, nos rótulos
dos alimentos, a informação referente à quantidade de Sódio, lembre-se que os
valores descritos estão relacionados a uma porção daquele alimento e não à
quantidade total contida na embalagem. Existem diferenças importantes entre as
quantidades de Sódio contidas nas diferentes formas de comercialização do sal
de cozinha, como o sal refinado, o sal “light” e o sal grosso.
A quantidade do sal de
cozinha utilizada no preparo dos alimentos é definida como “sal de adição”.
Para o cálculo da quantidade total de Sódio ingerido, deve ser considerado não
apenas aquele contido no “sal de adição”, mas também o Sódio intrínseco dos alimentos.
Deve-se prestar muita atenção à quantidade consumida, pois a maior parte do
Sódio é adicionada durante o preparo e a fabricação dos alimentos, na forma de
sal de cozinha ou outros aditivos alimentares.
O hábito e a preferência
alimentar de crianças e adolescentes são formados desde a introdução dos
alimentos complementares, indicados a partir dos seis meses de idade para as
crianças que estão em aleitamento materno exclusivo. Famílias que têm o hábito
de consumir sal em excesso, podem induzir a preferência e o uso de quantidades
excessivas de sal/sódio pelos filhos, ao preparar alimentos mais salgados. Deve
ser dada atenção à quantidade de sal utilizada e não ao paladar de quem prepara
o alimento.
As estruturas da língua
(papilas gustativas), responsáveis pela sensação do gosto salgado, demoram até
3 meses para se adaptar, quando a quantidade de sal é reduzida. Portanto, será
necessário paciência e persistência ao adequar a dieta de crianças e adolescentes.
Algumas medidas
importantes para a redução do consumo de sal:
Não acrescente sal ao
alimento já preparado;
Retire o saleiro da mesa;
Evite a utilização de
temperos prontos e modificadores de sabor (catchup, mostarda, shoyo, entre
outros);
Evite o uso de bacon,
embutidos (linguiça, paio, etc);
Cuidado com o sal
colocado nos alimentos complementares (papas);
Evite o consumo de fast
foods e de alimentos industrializados ricos em sódio.
O Ministério da Saúde do
Brasil está empenhado com campanhas e compromissos com as associações representativas
do setor de alimentos, com o intuito de minimizar as quantidades de sódio,
açúcar e gorduras nos alimentos processados, na tentativa de diminuir o consumo
excessivo desses nutrientes.
A Sociedade Brasileira de
Pediatria e a Sociedade de Pediatria de São Paulo têm reforçado a importância
desses aspectos na alimentação de crianças e adolescentes, esclarecendo sobre
as implicações dos excessos no desenvolvimento das doenças crônicas não
transmissíveis na fase adulta.
Resta aos pais e
responsáveis acreditarem e colocarem em prática as orientações e recomendações
descritas, como parte dessas iniciativas.
Veja abaixo problemas que você pode ter
sem saber que o sal é um dos motivos e entenda quão importante é cortar o
excesso de sal de sua vida.
- Hipertensão
Segundo o estudo
Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico (Vigitel) de 2012, praticamente um quarto dos brasileiros
(24,3%) é hipertenso. Fábio Cardoso, especialista em Medicina Preventiva,
explica que o sódio em excesso aumenta a capacidade sanguínea de
"puxar" líquidos dos tecidos para o sangue. "O
organismo, numa tentativa de preservar o equilíbrio e normalizar a falta de
água nas células, aumenta a pressão arterial para tentar 'irrigar' melhor os
tecidos". Eduardo Fávero explica que a hipertensão deve ser atestada
por um cardiologista. "Na maioria das vezes o controle no consumo
de sal é suficiente para reverter os malefícios, porém, após muitos anos de
pressão alta já há lesões irreversíveis em alguns órgãos".
- Problemas
nos rins
Quando o consumo de sódio
é muito alto, o rim – responsável por excretar a substância - pode ficar
comprometido. "O rim tem uma capacidade limitada para filtrar e
excretar o sal. A hipertensão é uma das principais causas de doença renal
crônica. Além disso, ingerir muito sal aumenta os riscos de cálculo renal",
diz Fábio.
- Osteoporose,
perda de paladar e doenças autoimunes
De acordo com o
especialista em medicina preventiva, "novas pesquisas demonstraram
que o sal não somente regula os fluídos corporais e a pressão arterial, mas
também afeta o sistema imunológico e a formação e dissolução óssea, além de
alterar o paladar".
- Envelhecimento
A desidratação celular
provocada pelo excesso de sódio é um "tiro no pé para qualquer
célula", segundo Fábio. Ela deixa o metabolismo celular mais
lento, até que, eventualmente, ela morre. E isso pode gerar o envelhecimento
precoce.
- Taxa
de mortalidade
De acordo com Fábio
Cardoso, uma recente pesquisa publicada no New England Journal of
Medicine mostrou que o consumo exagerado de sal aumenta a taxa de
mortalidade. "Diminuindo meia colherzinha de chá de sal por dia,
aconteceriam 92 mil mortes a menos por ano nos Estados Unidos". Então,
mudar este hábito pode fazer muita diferença. Cuidado com sal, temperos
prontos, molhos, congelados, doces industrializados, embutidos e churrascos
para não salgar, também, seus planos de viver saudável.
Tipos saudáveis de sal
Light: O
sal light possui menos da metade de sódio encontrada no sal branco refinado. No
entanto, o sabor é um pouco amargo.
Sal marinho: Considerada
uma alternativa mais saudável que o sal refinado, pois leva aditivos como o
iodeto e agentes antiaglomerantes. O sal marinho é obtido pela evaporação da
água do mar e seu conteúdo mineral lhe dá um sabor diferente do sal de mesa,
que é obtido a partir de rochas. No Brasil, este é o tipo de sal mais comum e
barato e é bastante produzido no Rio Grande do Norte.
Flor de sal: Conhecida
como a mais pura e delicada versão do sal. A flor de sal são os primeiros
cristais que se formam e continuam na superfície das salinas, antes que se
deposite no fundo e se torne sal marinho. A retirada é feita
delicadamente para que os cristais não se afundem. Fonte natural de ferro,
zinco, iodo, magnésio, flúor, sódio, potássio, cálcio e cobre. Todos esses
minerais permanecem, pois o sal não passa por nenhum processo posterior à sua
retirada do mar, tornando-se uma opção mais saudável.
Sal rosa: As
reservas do sal rosa estão localizadas principalmente no Peru, no Vale Sagrado
dos Incas, onde existia um oceano, há mais de dois mil anos. A água salobra
brota do subsolo em pequenas poças e, com a evaporação, dá origem aos cristais
de tom rosado. Seus grãos têm um elevado índice de umidade, com uma aparência
grudenta, além de um sabor forte. Está entre as opções com menor teor de sódio
e é ideal para temperar peixes crus, frutos do mar e aves.
Sal defumado: A
sua aparência cinza revela um gosto levemente adocicado. Bastante produzido na
França, lá o sal é defumado pela fumaça fria proveniente da queima de barris de
carvalho usados no envelhecimento de vinho. Em alguns locais é produzido ao
colocar o sal comum em contato com a fumaça da queima de uma madeira aromática,
como carvalho ou cerejeira. É bastante versátil e combina com pratos
vegetarianos, carnes, aves e peixes. Mas controle-se: tem quase a mesma
quantidade de sódio do sal comum.
Sal negro: Este
tipo de sal também é conhecido como Kala Namak e é obtido em reservas naturais
da região central da Índia. Além de a cor ser totalmente diferente do sal
tradicional, o sabor também não é nada comum e, para muitos, lembra o de gema
de ovo. Sua textura é crocante e muito solúvel e, por isso, é ideal para ser
adicionado aos molhos, saladas e massas.
Sal rosa do Himalaia: Este
sal nativo da Ásia é um pouco mais caro do que os outros sais importados. Este
condimento é encontrado nos pés da montanha do Himalaia, uma região que já foi
banhada por mar. O tom rosado se deve aos minerais presentes nele, como o ferro
e o manganês. Como o sabor não é muito diferente, se mal usado pode se perder
em meio aos ingredientes do prato. Carnes grelhadas, saladas com azeite e
legumes na manteiga são boas opções para este sal. Porém, devem-se evitar as
receitas com caldos, e, em carnes, deve ser aplicado na hora do preparo, já que
tende a ressecar os alimentos porque atrai água.
Sal líquido: Obtido
pela dissolução de sal marinho em água mineral. Tem sabor suave e pode ser
adicionado a todos os alimentos, principalmente em saladas. Esta versão salga
menos, mas tem menos sódio que os convencionais.
Relatores:
Dr. Luiz Anderson Lopes
Dra. Carolina Giudice
Departamento Científico de Nutrição da SPSP.
Fontes:comunidadespsp.wordpress.com; http://gnt.globo.com;http://www.espacovivamais.com.br
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